sexta-feira, 11 de abril de 2014

Argumento da Causa Primeira Vs Lavoisier

da wiki

"Argumento cosmológico é um raciocínio filosófico que visa a buscar uma causa primeira (ou uma causa sem causa) para o Universo1 . Por extensão, esse argumento é frequentemente utilizado para a existência de um ser incondicionado e supremo, identificado como Deus.


A premissa básica é que, já que há um universo em vez de nenhum, ele deve ter sido causado por algo ou alguém além dele mesmo. E essa primeira causa deve ser Deus. Esse raciocínio baseia-se na lei da causalidade, que diz que toda coisa finita ou contingente é causada agora por algo além de si mesma ."




Há anos que a questão do inicio do universo me atormenta. Não conseguindo aceitar a figura antropomórfica que me impuseram na infância, acabei por me conformar simplesmente com o facto que o universo era grande e imponente o suficiente para merecer pelo menos tanto quanto deus ser eterno, mas naturalmente esta idea é tão dogmática como a posição contraditória.



Há uma citação de Lavoisier que ficou comigo desde a primeira vez que a li num manual de química.

“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”



O argumento cosmológico que é o primeiro axioma de todo o teísta, viola este principio. Assume que em algum momento a natureza não existiu.


src http://delacruz-art.cgsociety.org/art/digital-photoshop-art-illestrations-watchmaker-saetilla-2d-915419

Peguemos na ideia do relojeiro. É comum o teísta justificar a necessidade de um criador com o relojeiro. O teísta dirá que o relojeiro cria o relógio. Aqui temos um problema semântico. Porque a criação do universo e a criação do relógio são fundamentalmente diferentes. A primeira afirmação supõe partir do nada para tudo o que existe, a segunda é uma “mera” transformação de metal e vidro num aparelho que mede o tempo.




Sabemos hoje com um grau de confiança suficiente para o declarar como facto, que o nosso corpo é resultado de milhões de anos de evolução, acumulação de pequenas mutações ao longo de muitas gerações. Neste contexto, de criar qualquer coisa capaz de modificar o ambiente, parece-me irrevogável que a natureza tem “inteligência”. A diferença entre as modificações introduzidas pela natureza e aquelas que nós introduzimos, é que a natureza introduz modificações por reacção ao meio envolvente e nós introduzimos modificações por antecipação do que queremos produzir, portanto com intenção.




O processo é essencialmente o mesmo. Esta capacidade para prever e manipular o ambiente (a intenção) é uma ferramenta que não se distingue necessariamente da visão ou do tacto. Uma vantagem evolutiva. Outros animais como os gorilas também usam ferramentas. Embora de forma muito mais rudimentar que nós.




Recentemente confirmamos a hipótese da inflação, que sedimenta o nosso conhecimento sobre o que aconteceu nos primeiros momentos do universo. Sabemos descrever de forma consistente a historia do universo desde o bang até ao primeiro homem. Embora ninguém tenha ainda conseguido elucidar como componentes orgânicos deram origem à vida. Este ponto não invalida o facto de que tudo o que existe está em continua mutação. Quando eu morrer o meu corpo ira decompor-se e “dissolver-se” no ambiente. Exactamente como eu integrei partes do ambiente. A minha consciência dissolversse-a com o corpo que a criou. Não há nenhuma indicação mensurável que essa consciência, que é gerada no corpo, de alguma forma o transcende. Apenas  especulação humana que a história parece conseguir demonstrar com alguma segurança é um misturar de mitos de repetidas civilizações em conflito com a morte.





Somos uma espécie tão arrogante, que não contentes com criar um ser antropomórfico para explicar e gerir a nossa existência “imaterial”. Assumimos que compreendemos o que significa “existir”, bem o suficiente para dizer que o universo “existe” e lhe atribuir finitude.




Nada no universo é criado. Nada é destruído. Tudo se transforma. Porque haveria o próprio universo como um todo de ser diferente de cada uma de suas partes?  É um modelo que contradiz tudo aquilo que sabemos sobre o universo.

“Todos os átomos no seu corpo vieram de uma estrela que explodiu. E os átomos na sua mão esquerda provavelmente vieram de uma estrela diferente dos átomos na sua mão direita. É realmente a coisa mais poética que eu sei sobre o universo. Todos somos pó de estrelas. Não poderia estar aqui se as estrelas não tivessem explodido, porque os elementos - o carbono, nitrogénio, oxigénio, todas as coisas que são importantes para a evolução - não foram criadas no inicio do tempo, foram criadas nos fornos das estrelas e a única forma de elas fazerem parte do seu corpo, é  essas estrelas terem a bondade de explodir. Portanto esqueça Jesus. As estrelas morreram para que você pudesse viver. ”
Lawrence Krauss