sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Acabo de tropeçar nisto:

Caras cidadãs e cidadãos, O Parlamento forma-se no voto livre de cada um de nós, voto com poder igual, que nos vem do estatuto comum de uma dignidade sublime e igual. Esta ligação da democracia com os direitos humanos constitui a nossa matriz originária. A liberdade, a igualdade e a universalidade são o critério e a medida da legislação, das nossas ações e decisões. No mundo global e de rápidas mudanças, que desafia os velhos paradigmas da política, nós, os deputados, convocamos todos para assumir connosco um projeto de justiça transversal às fronteiras e às gerações, num método de responsabilidade partilhada. Um projeto emancipador e irradiante de humanidade, que se inscreve, afinal, nos nossos princípios de partida. Somos todos Parlamento!

Maria da Assunção Esteves
Presidente da Assembleia da República


Não resisto

"Um projeto emancipador e irradiante de humanidade, que se inscreve, afinal, nos nossos princípios de partida"

O que é isto? tenho de gastar mais tempo à procura de pérolas da Assunção. Se a lingua portuguesa pudesse tomar drogas pesadas, creio que o LCD teria uma expressão parecida ao discurso natural da nossa ex-presidente da assembleia da República.

Agora às coisas sérias.

É curioso como em contexto de maioria absoluta ninguém achou estranho os votos terem poder igual, ou existir necessidade de desafiar os velhos paradigmas da política. Agora como os votos iguais põem em causa a continuidade do executivo que quer estar em funções já não são iguais, há votos de confiança e votos de desconfiança, com intenções escondidas, anti-democráticos.

Há coisas na política que me dão a volta ao estômago. É perfeitamente legitimo que sintam o seu projecto para o país ameaçado, derrotado até. O que eu não compreendo é se a cegueira ideológica é tanta que não se apercebem que as insinuações que fazem são intelectualmente desonestas, infundadas, porque nem sequer têm precedentes, mas sobretudo nem sequer se alavancam em tentar encontrar garantias de estabilidade. O que os senhores andam a vender aos Portugueses é que a esquerda à esquerda do PS não merece confiança, não sabe respeitar acordos, mas sobretudo que não respeita os Portugueses.

O estranho é que desde o anuncio dos resultados até ao momento, ponto a ponto essa esquerda à esquerda tem tido uma posição mais democrática e de mais respeito pelos portugueses que qualquer um dos partidos do dito "arco da governação".

 - Assumiram que não tinham votos suficientes para fazer exigências em pontos dos quais sabem que a maior parte dos Portugueses discorda. Conseguiram fazer do que seria um momento de humilhação publica, um ressalvar da consciência democrática e respeito pelo instrumento do voto, pela consciência colectiva do país.

 - Conseguiram abandonar boa parte do discurso de ataque, em prol de se elucidar os objectivos da solução de governo que pretendem integrar

E estas duas pequenas coisas, são de um valor inominável. Porque quebram o ponto chave que a direita continua a repetir. Que a esquerda não têm seriedade e que não quer fazer parte de uma solução de governo estável.  


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