quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Como escolher um partido politico.

Desde que percebi que tinha sido enganada em 2011 que ando desesperadamente á procura de formas de avaliar um partido de forma a não passar pelo mesmo...

Aqui ficam as minhas premissas:

  • Tem de ser um partido realista. Um partido realista não faz propostas financeiramente inviáveis. Não publicita absolutismos. Especialmente se for um partido menor, que nunca teria condições para os viabilizar. O típico discurso do "Não nos associamos com ninguém porque são todos otários, só nós é que sabemos o que é bom para Portugal."
  • Do ponto anterior segue que seja um partido "que se quer sentar á mesa" e portanto compreende que vai fazer cedências respeitando a legitimidade democrática dos outros representantes eleitos.
  • Tem de ser um partido europeista. Há muito por onde melhorar a nossa relação com a Europa, mas termina-la não vai fazer Portugal ficar melhor, pelo contrário. Portugal é um país pobre, com pouco jeito para o negócio e com muito por palmilhar em termos de direitos do trabalho. Se nos desligam da Europa, desligam as "auto-estradas" institucionais,  financeiras, comerciais e sim.. monetárias. Concretamente significa: que ninguém nos ajuda a definir padrões mínimos de segurança e transparência, teremos de obter vistos, pagar taxas aduaneiras e de cambio sempre que as nossas empresas queiram ir vender dentro do espaço europeu. O que vai tornar quase impossível fugir àquele paradigma repugnante do "vamos ser baratinhos para virem cá fabricar meias, camisas e carros. Investir em tecnologia de vanguarda? pagar ordenados competitivos que atraiam mão de obra especializada? Que é isso? 1000 euros já é um ordenado milionário." claro esta ultima frase é sempre muito aplaudida pelos 80% da população que ganham menos de 900 euros... e que sabem que se isto não mudar nunca vão ganhar mais, mas como nunca se lembraram de tentar perceber como é que podiam fazer alguma coisa para sair da roda do rato... vão-se confortando em demonizar os poucos afortunados que caem nesta categoria, sejam ou não competentes.
  • Tem de ser um partido transparente.  Um partido que age de acordo com aquilo que diz, cujos objectivos são claros.
  • Tem de ser um partido que procure o caminho a seguir e não os caminhos a não seguir.  Está em voga. Leio noticias e 99.99999% são sobre motivos pelos quais a proposta alfa é rídicula. Normalmente com argumentos alicerçados na falta de caracter do seu proponente. A assembleia da república é um jardim escola para engravatados. Os media ajudam e as pessoas aplaudem. O disco é sempre o mesmo.
    As pessoas dizem: 
    • Se é politico é ladrão 
    • O gaj@ quer é tacho 
    • Vai trabalhar que eu também trabalho 
    • São todos iguais

      Os politicos dizem: 
    • O partido alfa tem um histórico exemplar de patetices. 
    • Fulano beta é reconhecidamente um idiota 
    • O que é que se pode esperar de um tipo como este? 

    Obviamente qualquer afirmação que pretenda insinuar que todos os membros de um conjunto de pessoas são iguais.. é falsa. Assim como o facto de um individuo hipotéticamente ter mau caracter, ser um trafulha, etc são causas prováveis, mas não definitivas de que o que ele propõe seja uma patetice. E por ultimo o facto de tipo ser um pateta, não diz nada sobre o problema, não ajuda a resolve-lo. Se eu quiser sair de onde estou tenho de começar a caminhar para um lado qualquer, se investir toda a minha energia a determinar porque é que não ei de dar o primeiro passo nunca mais saio do mesmo sitio. É preciso saber onde quero ir! Quero um partido que fale sobre onde quer chegar e sobre como é que se chega lá. Passo a passo, instituição a instituição, orçamento a orçamento, cedência a cedência. Sim, cedências, quero um partido que admita à priori que sempre que caminha para norte fica mais longe do sul. As iniciativas financeiras não são diferentes do espaço, não conseguem estar em dois sítios ao mesmo tempo. No contexto do orçamento de estado, se implica transacionar dinheiro e não apresenta desvantagens a ninguém é irrelevante para toda a gente.
  • Tem de ser um partido que não demonise as empresas. As empresas são estruturas importantes em qualquer sociedade e se geridas com as devidas preocupações sociais e ambientais são um instrumento incomensuravelmente benéfico para o país. São um bloco fundamental do tecido económico e não é possível existir sem elas. Se temos de viver com elas, há que negociar uma relação que não seja nociva para qualquer um dos lados. O lucro é necessário! Uma empresa não tem um rendimento fixo como tem um empregado, por isso no mínimo necessita de flexibilidade caixa, para absorver os periodos lentos em que funciona abaixo dos custos. Um empregado que queira receber a totalidade dos lucros nos anos bons também devia estar disposto a meter do seu dinheiro na empresa nos anos maus.
  • Por outro lado tem de ser um partido que proteja as pessoas. As regras definidas pelo estado, definem as regras do "jogo económico" dentro do país. Quando o estado estabelece um ordenado mínimo garante que uma empresa que o pague, não está a competir com outra que paga menos e portanto tem uma vantagem competitiva sobre a primeira. Se o ordenado minimo garantir o essencial para viver, então o resto já pode livremente depender de outro factores de atractividade como as competências do empregado, as condições de trabalho oferecidas pela empresa, etc.  Falando em concorrência desleal, os estágios pagos pelo estado quebram esta regra, porque favorecem a empresa contratante quando esta integra um profissional  competente e com experiência financiado pelo estado.
  • Não pode ser um partido com acesso regular ao orçamento de estado. Os partidos com acesso regular ao orçamento de estado estão minados de facilitadores. Os jornais estão cheios deles e como nem com toda a visibilidade que lhes foi dedicada os senhores se resolveram a sair, nem o partido os expulsou, sabemos que vão continuar a passear nos corredores de S. Bento a "encaminhar" os preciosos euros dos nossos impostos para?... algum sitio que só vamos descobrir daqui a 5 anos quando os contratos forem auditados pelo tribunal de contas.
  • Tem de promover a exclusividade, ou no mínimo, pratica-la ele próprio.  Nunca compreendi essa coisa de deputado part-time. Part time é um programador que faz uns forms a avulso, ou um empregado de restaurante que só faz jantares. Agora um gajo a quem foram entregues, os meus olhos, os meus ouvidos, a minha voz! Durante 4 anos, só vai á AR quando não chove? e quando vai, vá lá bater palmas e gritar "muito bem! muito bem!" Insulta-me!
  • Idealmente um partido que se aproxime da democracia participativa internamente e que tenha intenção de a promover se for governo. Na pratica implica deixar participar os militantes nas decisões do partido, seja por meio do voto para eleição de representantes, seja na sugestão de alterações a propostas ou ao programa do partido.

Não sei se por milagre alguém leu isto. Mas se sim e se fez uma lista do género gostava muito de a ler. Parece-me ser um exercício importante e certamente que as minhas conclusões poderão ser melhoradas. Infelizmente só me tenho tido a mim para discutir isto e é difícil encontrar contraditório em si mesmo. 

Dito isto o que me levou a escrever este post. Foi ter encontrado um partido que cabia dentro destes parâmetros. Um partido que infelizmente tem recebido feedback negativo por motivos que me parecem vir de pessoas que não só não o conhecem, como nem tão pouco reflectiram sobre o que estão a criticar. Mas isso é para outro post. 


Sem comentários:

Enviar um comentário

Antes de comentar lembre-se que do outro lado do ecrã está um ser humano. Enquanto escreve, imagine que essa pessoa está do outro lado da sua secretária, de olhos nos seus olhos.